Elekistão“Brazil” – Elekistão http://elekistao.blogfolha.uol.com.br Notas sobre o universo cultural e adjacências Tue, 19 Nov 2013 04:14:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O "Brasil" segundo os egípcios http://elekistao.blogfolha.uol.com.br/2013/08/02/o-brasil-segundo-os-egipcios/ http://elekistao.blogfolha.uol.com.br/2013/08/02/o-brasil-segundo-os-egipcios/#comments Fri, 02 Aug 2013 20:37:03 +0000 http://elekistao.blogfolha.uol.com.br/?p=452 Continue lendo →]]> Há mais links no ar entre Brasil e Egito do que as recentes megamanifestações populares contra o poder. E o assunto é, surpresa, “aquecedores de água”.

Começou a ser exibida há uma semana na TV aberta egípcia uma propaganda “ambientada” no Rio de Janeiro, estrelada por um dos grandes astros locais, o ator quarentão Ahmed Ezz.

Assista (abaixo), antes de continuarmos.

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Pois bem: no filme, o “Rodrigo Santoro” egípcio (“Latino” talvez encaixasse melhor) está dirigindo seu conversível, no “Rio de Janeiro” quando vê uma bela donzela descarregando de uma kombi amarela um aquecedor de água Universal, marca gigante local de eletrodomésticos. Prontamente se oferece para ajudar a instalar o aquecedor, com a clara missão de conseguir se infiltrar em seguida no primeiro banho quente da morena. Nada feito. Vai direto para a banheira, onde entoa sua própria versão de “Garota de Ipanema”: “Olha que coisa mais linda que é a Universal…”. Ao final, o galã espera a moça voltar do banho para continuar sua cantada. Mas quando ela ressurge, está acompanhada de um moço de cabelos rastafári. Isso tudo ao som de Michel Teló. 

Um amigo que vive no Cairo, o grande Sherif Bakr, enviou o vídeo com a mensagem “Veja como os brasileiros estão sendo vistos aqui no Egito”. E a ele ofereço o seguinte jogo dos sete (poderiam ser 18) erros.

1) Há, logo no início, uma placa com a palavra “Hacienda”. 

2) O pai da moça faz uma “siesta” com um chapéu de palha (que poderia ser do Caribe ou da Polinésia) cobrindo o rosto. Ele usa uma camisa com estampas (do Havaí, talvez?).

3) Ele se expressa em inglês (ainda faria sentido se esta fosse a “língua” do comercial, mas a moça fala em português).

4) Ele se distrai jogando “cubo mágico”. Alguém?

5) O galã sugere para a moça e para a sua mãe que tomem um cafézinho. Nenhum café lhe é oferecido.

6) Há uma arara vermelha na sala.

7) Em pleno Rio de Janeiro, uma jovem deixa um estranho que está passando de carro entrar na casa dela para ajudá-la a instalar um aquecedor de água.

Depois deste exasperante exercício de rigor científico-antropológico-propagandístico, o Elekistão foi além. Descobriu que o filme, estrelado por uma modelo chamada Herika Fernanda de Noronha (talvez o único produto realmente nacional no anúncio), não foi feito nem no Rio, nem no Egito, mas em Beiruth, no Líbano (como a vegetação que aparece nos breves segundos em que Ahmed Ezz dirige pela estrada indica).  

Segundo Sherif,  o comercial fez bastante barulho por um motivo que não ocorreria ao brasileiro corrente. Ele diz que no Egito causa escândalo uma garota aparecer com o namorado na frente dos pais, tal como faz a “Isabela” do filme.

Bem, devem ter calculado os publicitários egípcios: “É uma brasileira…”.

O Elekistão sugere amigavelmente às duchas Corona que, caso resolvam filmar um “banho de alegria” ambientado no Cairo, façam uma consultoria com um nativo (posso passar o contato do amigo Sherif).

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