O dia em que falei com Christo
31/07/13 12:51Nunca poderia imaginar que Christo falasse tão rápido. Imaginava uma conversa tranquila e pausada, zen. Mas o homem era uma metralhadora.
Falou por uma hora, deixando poucos espaços para as minhas perguntas. Eu tinha uma porção delas. Não é sempre que se fala com Christo.
E antes que o trocadilho se perpetue, este post trata do famoso artista búlgaro naturalizado americano de 78 anos.
Ele é aquele, você sabe, que embrulhou uma porção de coisas pouco embrulháveis: o parlamento da Alemanha, a Pont-Neuf, em Paris, ilhas em Miami e um trecho da costa australiana.
A primeira vez que eu o vi pessoalmente, no final dos remotos anos 1990, na Feira de Frankfurt, ele e sua parceira (de vida e arte), Jeanne-Claude, davam uma entrevista coletiva, por conta do lançamento de um livrão retrospectivo da longa e importante trajetória deles.
O diabinho trocadilhista que vive pousado sobre meu ombro esquerdo me soprou uma pergunta engraçadinha para eu dirigir aos entrevistados. Mas a sala estava tão apinhada que mal dava para me aproximar. Mas desta vez, ao final de uma hora de conversa (séria), eu não me contive.
Christo, você tem planos de embrulhar o Cristo Redentor?
Ele sorriu (a educação é uma arte). E fez um breve silêncio.
Quem leu a entrevista que fiz com ele, publicada no domingo, na revista “Serafina” (quem não leu, por favor clique aqui), sabe que o artista nem mesmo trabalha mais com “embrulhos”. Vem tentando “desembaraçar” sua imagem deste estigma.
Mas quando perguntei, ele sorriu. E complementou: “É. Isso seria interessante”.