O "Brasil" segundo os egípcios
02/08/13 17:37Há mais links no ar entre Brasil e Egito do que as recentes megamanifestações populares contra o poder. E o assunto é, surpresa, “aquecedores de água”.
Começou a ser exibida há uma semana na TV aberta egípcia uma propaganda “ambientada” no Rio de Janeiro, estrelada por um dos grandes astros locais, o ator quarentão Ahmed Ezz.
Assista (abaixo), antes de continuarmos.
Pois bem: no filme, o “Rodrigo Santoro” egípcio (“Latino” talvez encaixasse melhor) está dirigindo seu conversível, no “Rio de Janeiro” quando vê uma bela donzela descarregando de uma kombi amarela um aquecedor de água Universal, marca gigante local de eletrodomésticos. Prontamente se oferece para ajudar a instalar o aquecedor, com a clara missão de conseguir se infiltrar em seguida no primeiro banho quente da morena. Nada feito. Vai direto para a banheira, onde entoa sua própria versão de “Garota de Ipanema”: “Olha que coisa mais linda que é a Universal…”. Ao final, o galã espera a moça voltar do banho para continuar sua cantada. Mas quando ela ressurge, está acompanhada de um moço de cabelos rastafári. Isso tudo ao som de Michel Teló.
Um amigo que vive no Cairo, o grande Sherif Bakr, enviou o vídeo com a mensagem “Veja como os brasileiros estão sendo vistos aqui no Egito”. E a ele ofereço o seguinte jogo dos sete (poderiam ser 18) erros.
1) Há, logo no início, uma placa com a palavra “Hacienda”.
2) O pai da moça faz uma “siesta” com um chapéu de palha (que poderia ser do Caribe ou da Polinésia) cobrindo o rosto. Ele usa uma camisa com estampas (do Havaí, talvez?).
3) Ele se expressa em inglês (ainda faria sentido se esta fosse a “língua” do comercial, mas a moça fala em português).
4) Ele se distrai jogando “cubo mágico”. Alguém?
5) O galã sugere para a moça e para a sua mãe que tomem um cafézinho. Nenhum café lhe é oferecido.
6) Há uma arara vermelha na sala.
7) Em pleno Rio de Janeiro, uma jovem deixa um estranho que está passando de carro entrar na casa dela para ajudá-la a instalar um aquecedor de água.
Depois deste exasperante exercício de rigor científico-antropológico-propagandístico, o Elekistão foi além. Descobriu que o filme, estrelado por uma modelo chamada Herika Fernanda de Noronha (talvez o único produto realmente nacional no anúncio), não foi feito nem no Rio, nem no Egito, mas em Beiruth, no Líbano (como a vegetação que aparece nos breves segundos em que Ahmed Ezz dirige pela estrada indica).
Segundo Sherif, o comercial fez bastante barulho por um motivo que não ocorreria ao brasileiro corrente. Ele diz que no Egito causa escândalo uma garota aparecer com o namorado na frente dos pais, tal como faz a “Isabela” do filme.
Bem, devem ter calculado os publicitários egípcios: “É uma brasileira…”.
O Elekistão sugere amigavelmente às duchas Corona que, caso resolvam filmar um “banho de alegria” ambientado no Cairo, façam uma consultoria com um nativo (posso passar o contato do amigo Sherif).
Há um erro primário neste comercial, aliás dois. Primeiro, para que serve um aquecedor de água no Rio de Janeiro? Só se for para esfriar a água! Segundo: a única coisa que chama-se Universal no Rio aquece dinheiro e não água.
Bom dia a todos, eu moro em Cairo e tenho visto essa propaganda o tempo todo aqui no canal CBC, na verdade essa propaganda e terceira de uma serie de propagandas feitas por Ahmad Ezz pra marca Universal, a primeira foi sobre um fogao com uma italiana, depois uma lavadora de roupas com uma alema. Achei de muito mal gosto essa forma deles de retratar o Brasil em especial as brasileiras pior ainda porque quando passou a primeira vez eu estava vendo tv com meu sogro, ele nao gostou nao e ainda pra piorar o senhor fala em ingles “Izabela`s boyfriend!” que pra que todos tenham certeza mesmo do que se trata a cena, chato, chato mesmo! pois se comparar as tres propagandas dessa serie percebe-se claramente o que eles acham das brasileiras em comparacao as mulheres de outro pais, a propaganda ficou muito vulgar e muito diferente das outras fiquei chateada com isso, nao gostei mesmo.