Alemanha 9 x 1 Brasil
12/10/13 09:36No intervalo do jogo, a seleção brasileira estava perdendo de 6 x 0 da Alemanha.
E a Folha perguntou a Pepe, aquele mesmo que encantou o mundo jogando ao lado de Pelé, o que o time brasileiro poderia fazer para reverter o resultado. “Só nos resta rezar. Eles são muito bons na caneta, mas não tanto assim no futebol”, disse o “treinador” do time.
“Eles” era um time de autores brasileiros que enfrentou, no início da fria noite desta sexta (11/10), em Frankfurt, a seleção de escritores da Alemanha e perdeu de 9 x 1.
A partida foi realizada no gramado do time SG-Sossenheim, como parte da homenagem ao Brasil realizada pela Feira do Livro de Frankfurt. Faltou cortesia por parte dos anfitriões.
Logo aos 12 minutos do primeiro tempo, Moritz Rinke abriu o placar para o time alemão
Dramaturgo e autor de um romance elogiado, e que vendeu mais de 200 mil cópias, Rinke faria outros cinco gols ao longo da partida, o mais bonito deles uma cabeçada no canto direito da meta do romancista brasileiro Julio Ludemir.
O próprio artilheiro da partida eximiu o goleiro da seleção canarinho de culpa no resultado. “Ele fez uma boa atuação. Nós ganhamos porque jogamos sempre juntos e o time do Brasil foi feito só para esta partida”, disse Rinke após o jogo.
AUTONOMA 9 X 1 PINDORAMA
Atuais vencedores do campeonato europeu de seleções de escritores (não é ficção), o time alemão, o Autorennationalmannschaft, atua desde 2005 e já bateu a seleção da Áustria por 12 x 1. A equipe, apelidada de Autonoma, treina toda segunda-feira.
A seleção brasileira, que adotou o nome fantasia de Futebol Clube Pindorama, foi formada meses antes da feira, a convite do próprio time alemão e do Instituto Goethe, patrocinadores do jogo.
Vestiram a camisa amarela escritores como Antonio Prata, colunista da Folha, e esforçado lateral esquerdo, Marcelo Moutinho (o número 10), o meia Flavio Carneiro e o vigoroso zagueiro Rogério Pereira, fundador do jornal literário “Rascunho”.
Representante da Feira de Frankfurt no Brasil, o jornalista Ricardo Costa fez a pré-seleção do time. Um dos destaques da equipe, o jornalista e escritor Celso de Campos Jr., autor de biografia de Adoniran Barbosa, ajudou na convocação.
Foi ele que marcou o gol brasileiro, aos 35 minutos do segundo tempo, de pênalti (duvidoso), num chute seco no canto do romancista Albert Ostermaier.
Logo após o gol de honra, os jogadores dos dois times começaram a se abraçar e a partida foi encerrada, antes do tempo previsto.
O treinador Pepe, que comandou equipes de grandes glórias, como o São Paulo campeão brasileiro de 1986, provocou o técnico alemão. Cutucando o ombro do veterano “Rudi” Gutendorf, 87, que está no “Guinness” como o treinador do maior número de seleções nacionais (foram 18, em todos os continentes), disse: “O próximo jogo será na Vila Belmiro e eu e Pelé vamos jogar”.
ARQUIBANCADA
Na plateia do jogo, Paulo Rink, jogador brasileiro que foi estrela no futebol alemão, onde chegou a defender a seleção nacional, também se voluntariou.
“Queria poder entrar em campo, mas não deixaram”, disse o ex-atacante do Bayer Leverkussen, atualmente vereador em Curitiba. “Foi um massacre. Espero publicar um livro com meus decretos na Câmara Municipal para poder jogar na próxima partida”, brincou.
Entre os cerca de 90 espectadores do jogo, também estiveram “craques” do âmbito artístico-literário, como a agente Lucia Riff, o alemão Alfons Hug, ex-curador da Bienal de Arte de São Paulo, e a diplomata Marion Loire, responsável pela política do livro francês no Brasil.
Além deles, muitas crianças alemãs assistiram o jogo e pegaram autógrafos com os jogadores brasileiros. Antonio Prata, por exemplo, assinou uma bola de futebol e, esticando o cabelo para o alto brincou com um garoto: “Sou o Neymar, conhece?”, sem explicar ao pequeno alemão que ele é o Neymar das crônicas.
Resta ao Neymar dos campos dar o troco em 2014. A partir de ontem isso ficou mais possível: duas horas após o final do jogo das equipes da ficção, a Alemanha (a de verdade) ganhou de 3 x 0 da Irlanda na cidade de Colônia e garantiu presença na Copa do Mundo do Brasil.
Escalações
Alemanha Albert Ostermaier, Jorg Schieke, Norbert Kron, Christoph Nussbaumeder, Jochen Schmidt, Klaus Cäsar Zehrer, Moritz Rinke, Wolfram Eilenberger, Thomas Klupp, Klaus Döring, Florian Werner, Matthias Sachau, Uli Hannemann, Andreas Merkel, Falko Hennig e Nils Straatmann. Técnico “Rudi” Gutendorf.
Brasil Julio Ludemir, Fernando Galuppo, Marcos Alvito, Rogério Pereira, Vladir Lemos, Antonio Prata, Flávio Carneiro, José Luiz Tahan, Celso de Campos Jr., Marcelo Moutinho, Custodio Rosa, Ricardo Costa, Gustavo Krause, Eduardo Spohr, Julius Wiedermann, Rodrigo Oliveira, André Argolo, Márcio Vassalo. Técnico: Pepe.